CNN - Metade dos eleitores brasileiros considera que o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos) não poderia ter trabalhado para a consultoria Alvarez & Marsal, nos Estados Unidos, assim como avalia que o arquivamento do caso do tríplex no Guarujá não prova a inocência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As duas constatações fazem parte da pesquisa Quaest/Genial divulgada nesta quarta-feira (9), que também apontou diferença de conhecimento em relação às duas informações.
Entre os 2 mil entrevistados, apenas 19% responderam que já sabiam que Moro fez uma live para revelar quanto ganhou pelo trabalho para a consultoria após deixar o governo Jair Bolsonaro (PL), ante 75% que disseram ficar sabendo do fato ao ser questionado – 6% não souberam ou não quiseram responder.
Ao serem questionados se o ex-ministro poderia ter trabalhado para essa empresa, 30% afirmaram não ver problema, ante 49% que disseram que Moro não poderia ter atuado na Alvarez & Marsal.
Os mais críticos são os eleitores de Lula, com 54% de reprovação a esse trabalho, contra 26% que não veem problema.
Entre apoiadores de Bolsonaro, a diferença diminui: 32% afirmaram não haver restrição e 48% disseram que Moro não poderia ter atuado na consultoria.
Esse saldo cai ainda mais quando se considera aqueles que não votam nem em Lula, nem em Bolsonaro: 35% não veem problema e 47% disseram que isso não poderia ter ocorrido.
Em relação ao arquivamento do caso do tríplex no Guarujá envolvendo Lula, 50% já tinha conhecimento da informação e 45% disseram ter sabido ao ser questionado.
Quando foram perguntados se isso provaria a inocência do ex-presidente, 30% disseram que sim, ante 51% que afirmaram não – 13% não quiseram ou não souberam responder.
Quando se segmenta a resposta por preferência de voto, as diferenças ficam mais discrepantes que a reação à consultoria de Moro.
Entre eleitores de Bolsonaro, apenas 4% disseram que o arquivamento prova a inocência de Lula, contra 85% que deram resposta negativa.
Entre os eleitores nem-nem, a variação não inverte o saldo: 16% consideram que isso prova a inocência do petista, ante 73% que não.
Só entre eleitores do ex-presidente predomina a visão de que isso é prova de inocência, com 66% de respostas afirmativas e 22% negativas.
“Há uma parcela significativa dos eleitores que votam em Lula que não acreditam que o arquivamento do processo do Triplex do Guarujá prove sua inocência (22%). Esta é mais uma evidência de que essa dimensão não tem sido impeditiva para a tomada de decisão destes eleitores de votar em Lula”, avalia Felipe Nunes, cientista político e diretor da Quaest.
Em relação a Moro, Nunes vê mais dificuldades. “Mesmo que muita gente não tenha tomado conhecimento sobre o assunto, a maioria (49%) acha que ele não poderia ter trabalhado para esta empresa, dado seu histórico com a Lava Jato. É uma boa evidência de que ele terá dificuldades para justificar o assunto perante o eleitor que busca uma 3 via”, considera.
A pesquisa Quaest/Genial também simulou cenários eleitorais, mantendo a liderança de Lula e Bolsonaro na segunda posição.
Apenas o ex-presidente e o atual mandatário somam índices acima de dois dígitos e têm maioria de eleitores convictos da escolha do voto.
Foram entrevistados presencialmente 2 mil eleitores, de 16 anos ou mais, nas 27 unidades da Federação, entre os dias 3 e 6 de fevereiro.
A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
O nível de confiança é de 95% (se 100 pesquisas fossem realizadas, 95 apresentariam os mesmos resultados dentro da margem de erro).
A pesquisa foi registrada na Justiça Eleitoral com o número BR-08857/2022.