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Análise das eleições 2022 em Chã Grande: a mensagem das urnas sobre situação e oposição

Análise das eleições 2022 em Chã Grande: a mensagem das urnas sobre situação e oposição


Ismael Alves - As eleições 2022, em Chã Grande, revelaram, matematicamente, o real desenho das frentes políticas do município no contexto atual. A clareza dos números permite uma análise fria que não deixa margem para dúvidas. No entanto, uma interpretação equivocada pode levar a uma conclusão que destoa da realidade.

Ao pé da letra, o termo 'oposição política' caracteriza partidos que se posicionam "contrários ao governo". A definição vem do latin 'oppositione'. A partir da compreensão dessa premissa, podemos partir para a interpretação nua e crua dos resultados obtidos nas urnas. 

Voltando para o cenário de Chã Grande, uma simples sobreposição dos números eleitorais de 2018, edição anterior das eleições gerais, permite um diagnóstico verdadeiro sobre situação e oposição. Vejamos o comparativo:

Em 2018, o grupo do prefeito Diogo Alexandre (Avante) contabilizou 4.575 votos para Guilherme Uchôa, à época, candidato a deputado estadual. 

No campo da oposição, unificada, naquele momento, em torno do ex-prefeito Daniel Alves, Joaquim Lira, candidato ao mesmo cargo que Uchôa, obteve 1.696 votos. A diferença entre as votações foi de 2.879 votos, frente imposta pelo candidato apoiado por Diogo, margem que é bastante considerável.

Nas eleições deste ano, o então candidato a deputado estadual Delegado Rossine, apoiado pelo grupo do prefeito Diogo Alexandre, recebeu 4.818 votos. A diferença corresponde a um aumento de 243 votos em comparação com o resultado de 2018. Rossine não foi eleito.

Já no campo da oposição, houve um fracionamento que resultou no surgimento de diversas frentes com candidaturas independentes, originando um quadro diferente do pleito anterior. Confira os números para o cargo de deputado estadual:

Sérgio do Sindicato apoiou Júnior Matuto, que recebeu 549 votos;

Daniel Alves apoiou Joaquim Lira, que recebeu 543;

Adelmo do Tipim e Renné Gonçalves apoiaram Waldemar Borges, que recebeu 463; 

Jamacy Ferreira apoiou Nino de Enoque, que recebeu 322;

Djailton Pires apoiou Hélio Guabiraba, que recebeu 283. 

A soma dos números totaliza 2.160 votos, mostrando um aumento de 464 votos em comparação com o resultado alcançado pela oposição em 2018. Em outras palavras, não houve um enfraquecimento na votação da oposição, como um todo, mas uma distribuição dos votos, fator que induz à ideia de fragilidade. 

O quadro para deputado federal é basicamente o mesmo. Em 2018, Sebastião Oliveira, aliado do gestor municipal, recebeu 5.212 votos para o cargo. Já nestas eleições, o grupo do prefeito Diogo Alexandre entregou 5.242 votos para Waldemar Oliveira, o que corresponde a uma diferença de 30 votos a mais. O resultado da oposição foi o seguinte:

Sérgio apoiou Eriberto Medeiros, que recebeu 654 votos;

Daniel apoiou Iza Aruda, que recebeu 591;

Jamacy apoiou André Ferreira, inicialmente, que recebeu 425 votos, migrando para João Machado no decorrer da campanha, que recebeu 255;

Adelmo de Tipim apoiou Maria Arraes, que recebeu 341;

Djailton Pires apoiou Felipe Carreras, que recebeu 185  votos.

A soma dos votos dos candidatos a deputados federais apoiados pelas frentes de oposição totaliza 2.451. O número reflete um aumento de 680 votos em comparação com o resultado de 2018, quando André de Paula, apoiado pela oposição unificada em torno de Daniel Alves, recebeu 1.771. 

Moral da história: situação e oposição continuam, basicamente, no mesmo patamar. A oposição até apresentou um leve acréscimo no número de votos, contudo, pulverizado. Por outro lado, repetir os números de 2018, mantém o grupo governista numa zona de conforto.

(A análise foi feita a partir das votações obtidas pelo grupo governista e as diferentes frentes conduzidas por lideranças de Chã Grande que optaram, no processo eleitoral de 2022, em seguir com candidaturas distintas)