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Lia de Itamaracá é cidadã do Recife

Lia de Itamaracá é cidadã do Recife


Ela é conhecida como a mais célebre cirandeira do Brasil. É Patrimônio Vivo de Pernambuco. Cantora, compositora e dona de vários prêmios e honrarias. Seu nome de batismo é Maria Madalena Correia do Nascimento, mas ganhou o mundo com o nome artístico, Lia de Itamaracá. Na tarde desta quarta-feira (10), diante de um plenário cheio de alegria, música e, naturalmente, ciranda, a Câmara Municipal concedeu-lhe, o Título de Cidadã do Recife, numa iniciativa do vereador Ivan Moraes (PSOL). A solenidade foi presidida pelo vereador Fabiano Ferraz (Avante).

O vereador Ivan Moraes destacou que, considerando a importância de Lia de Itamaracá para a nossa cultura, até acreditava que ela já tinha recebido o Título de Cidadã do Recife. Mas, descobriu casualmente que lhe faltava essa homenagem da capital pernambucana. “Uma questão de justiça”, afirmou. “Na verdade, Lia é quem está dando a gente a oportunidade de ser cidadã recifense”, declarou.

Lia de Itamaracá é Patrimônio Vivo de Pernambuco; foi agraciada com a Ordem do Mérito Cultural pelo Ministério da Cultura; recebeu, o Título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e foi também reconhecida como Diva da Música Negra pelo jornal The New York Times.

Ivan Moraes destacou que, em meio a tantos títulos, faltava essa homenagem que agora lhe concedia. “Nesta Legislatura acabamos com essa injustiça, tanto para Lia, quanto para o Recife”, afirmou. Ele também citou a lei municipal número 18.941/2022, que instituiu no calendário oficial de eventos do Recife o “Dia Municipal da Ciranda”. A proposição é de autoria da vereadora Cida Pedrosa (PCdoB).

O vereador fez uma comparação da ciranda com a democracia e com a política. “Para se dançar a ciranda, juntamos mão com mão. Olho no olho. Todo mundo no mesmo andar, no mesmo patamar”, ressaltou. “Para se dançar a ciranda, basta querer e a ciranda roda, é movimento” e lembrou que essa dança inclui pessoas diversas. Em seguida ao seu pronunciamento, Ivan Moraes entregou o Título de Cidadã nas mãos da homenageada e um vídeo foi apresentado no plenário contando a história da artista.

Ao ocupar a tribuna da Câmara do Recife, Lia de Itamaracá, que tem 78 anos, disse, com singela graciosidade, que esperou muito tempo para receber esse reconhecimento. Acompanhada por sorrisos das pessoas presentes no plenário, entre parentes, amigos, admiradores, mestres e cirandeiros de várias cidades do Estado, ela disse que se sentia muito emocionada. “Eu estou viva. Estou vendo, apoiando e amando. Tudo isso é em reconhecimento ao meu trabalho. Levando a cultura para o mundo inteiro”.

Ela lembrou que já recebeu a cidadania de São Paulo (SP), do Rio de Janeiro (RJ), de São Lourenço da Mata (PE) e que está prestes a receber de Igarassu (PE) e de Natal (RN). “Eu sou Lia, guerreira, artista, compositora”, celebrou. “Eu precisava receber esse [título] daqui. Recife chegou. Está com Lia e Lia está com Recife” e brincou: “Esse é o federal!”. Uma expressão popular que se refere a algo muito bom, especial.

Mas, a rainha da ciranda, como também é conhecia, sabe que personifica a luta de uma raça que busca representatividade nos mais variados espaços da sociedade brasileira. “Veja o que faz uma neguinha africana e guerreira, que não tem medo da luta”, exaltou e foi aplaudida de pé. “Eu quero saber até onde eu posso chegar. Deus é quem sabe”, respondeu. Acompanhada pelos seus músicos, ela cantou várias canções e os presentes se deram as mãos numa grande ciranda.

A Mesa da reunião solene foi composta pela homenageada, pelo vereador Ivan Moraes, além da co-deputada Juntas, Carol Vergulino, e das cantoras Maria Dulce Barbosa e Severina Baracho.

“Essa ciranda quem me deu foi Lia” – Além de vários títulos e prêmios, a homenageada, que nasceu e se criou na Ilha de Itamaracá, Região Metropolitana do Recife, gravou seu primeiro disco em 1977, intitulado “A rainha da ciranda”. No ano de 1998, participou do festival Abril pro Rock; dois anos depois gravou “Eu sou Lia”, que foi distribuído também na França. No ano seguinte, levou a sua ciranda para várias apresentações em Paris. Ela participou do filme Bacurau e dos curtas-metragens “Recife Frio” e “Formiga Come do Que Carrega”. Seu álbum “Ciranda Sem Fim” foi eleito um dos 25 melhores álbuns brasileiros do segundo semestre de 2019 pela Associação Paulista de Críticos de Arte.