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Especial para o blog | Análise: A Guerra na Ucrânia - Por Tiago Lima



Tiago Lima - Sobre a Guerra da Ucrânia: embora o presidente russo, Vladimir Putin, seja mais um entre tantos tiranos contemporâneos, isso não faz com que a União Europeia, a OTAN e os Estados Unidos sejam elevados a uma espécie de 'altar de santidade'. Há vilões, mas certamente não há heróis nesse conflito.

Por trás da invasão propriamente dita existe um elemento de destaque, que é a manutenção de uma zona de influência russa numa região que mais parece um entreposto europeu, ou seja, uma divisa entre oriente e ocidente, de grande relevância geopolítica, frente ao avanço 'desordenado' da OTAN. Por isso mesmo, há quem diga que a tal 'paz' pretendida pelo Kremlin seria tão somente a criação de uma linha neutra (leia-se: de influência russa) a partir dos ex-territórios soviéticos que abrangem Estônia, Letônia, Lituânia, Belarus e Ucrânia. Ocorre que os três primeiros são membros da aliança militar do ocidente.

Belarus, ao contrário, é um satélite de Vladimir Putin, que mantém também sob seu guarda-chuva a Geórgia e o Azerbaijão. De todos os países deste e do parágrafo anterior, a Ucrânia é o maior e mais rico. Por isso tê-la sob influência russa (e não da União Europeia) é tão importante para Putin, que, por sua vez, tem (ou tinha) aliados mais próximos do centro europeu, como a Hungria, cujo presidente ultranacionalista, embora tenha condenado o conflito, foi, em certos momentos, até bastante leniente com as ações do Kremlin. A Polônia e a República Tcheca, ao contrário, parecem cada vez mais próximas do bloco europeu.

Na prática, a órbita de influência russa que Putin pretendia ampliar a partir da conquista do leste da Ucrânia + a Crimeia (já anexada) pode até se concretizar, sob pena de deixar o país completamente isolado do resto do mundo. Esta é, na minha opinião, uma equação que não fecha, uma vez que os efeitos das sanções econômicas impostas pelo ocidente já impactam negativamente a Rússia e vão gerar um grande mal-estar entre os oligarcas que sustentam Vladimir Putin no poder e ao próprio povo, que infelizmente não dispõe de liberdade para manifestar a sua indignação.

Sobre o que disse acima, aliás, há quem diga que Vladimir Putin poderá colocar a Rússia sob Lei Marcial já a partir da semana que vem. O objetivo me parece até meio óbvio: Putin sabe que o povo russo está profundamente descontente com a guerra e os seus impactos econômicos, mas quer mantê-los sob controle a partir da coerção - marca irrefutável de sua administração.

Em suma, para os ucranianos e para os russos, essa é mais uma daquelas guerras em que todos saem perdendo: a Ucrânia por razões humanitárias, e a Rússia por razões econômicas e de relevância no sistema internacional. Torço para que seja o começo do fim da era Putin, mas isso é incerto.

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Sobre o autor 

Tiago Lima

Bacharel em Relações Internacionais
Especialista em Direito Internacional e Diplomacia
Mestrando em Gestão Pública e Cooperação Internacional pela UFPB

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