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Especial para o blog | Análise: Crise Internacional Rússia e Ucrânia - Por Tiago Lima

Especial para o blog | Análise: Crise Internacional Rússia e Ucrânia - Por Tiago Lima



Tiago Lima - Triste o que acontece agora na Ucrânia. A guerra que muitos queriam evitar e que a diplomacia foi incapaz de conter está em curso. A Rússia segue a sua política expansionista, enquanto o ocidente assiste apático aos movimentos de Vladimir Putin. Quem sofre com tudo isso é o povo ucraniano.

Não podemos nos afastar do fato de que a Ucrânia é um país soberano, não é membro da OTAN, não é membro da União Europeia e, por isso mesmo, não há nada que justifique a invasão russa no território ucraniano do ponto de vista político e muito menos do direito internacional. Putin movimenta o tabuleiro da geopolítica na base da força de novo - ele é reincidente porque reintegrou territórios na Geórgia em 2008 e na própria Ucrânia, com a anexação da Crimeia em 2014. Sobre a Crimeia, aliás, ninguém foi pego de surpresa, já que esse era o objetivo desde então (tomar a Ucrânia por completo).

A ofensiva russa é, sim, muito grave, porque traz a guerra às portas da União Europeia, ainda que a Ucrânia não faça parte do bloco (graças a uma interferência de Vladimir Putin no passado, diga-se de passagem), e eleva sobremaneira as tensões num nível só visto durante o auge da Guerra Fria. De novo: quem vai sofrer mesmo é o povo daquele país, e por que? O discurso de Putin para justificar a invasão busca raízes históricas, mas é extremamente vazia.

Ainda é cedo para se falar num conflito bélico em escala global. Quem fala em eventual III Guerra Mundial é precipitado e fatalista. Apenas se as verdadeiras potências (leia-se: Estados Unidos, Rússia, China ou Reino Unido) se enfrentarem diretamente teremos o que temer em relação ao nosso próprio futuro.

Apesar de totalmente desigual, enquanto a guerra for entre as forças russas versus as forças ucranianas, estaremos longe de uma eventual III Guerra Mundial. O que não pode acontecer é, por exemplo, os Estados Unidos entrarem na guerra e eventualmente atacarem as tropas de Putin diretamente. No caso do ocidente, financiar e armar os ucranianos contra a Rússia é uma coisa, o envio das forças de segurança da ONU podem representar outro passo "aceitável", mas entrar com a bandeira de certas potências (como os EUA) dentro do território ucraniano para, por exemplo, lançar mísseis em tanques russos é algo completamente diferente, de caráter muito mais grave e até o momento não está no radar da Casa Branca.

Embora errático em muitas coisas, Joe Biden sabe que não pode simplesmente mobilizar suas tropas em solo ucraniano para bater de frente com os russos. Isso elevaria o belicismo para uma escala com um único precedente ocorrido em 1945. Nesse caso - de um embate EUA e Rússia - estaríamos falando, sim, de um eventual conflito nuclear.

A Ucrânia, infelizmente, já perdeu essa guerra. O objetivo de Putin é semelhante àquele da Crimeia: anexar a Ucrânia e aumentar o tamanho da Rússia e, consequentemente, o seu status de líder mundial relevante (e temido). Sanções sem precedentes virão na economia e na diplomacia com isolacionismo e mais pobreza para os russos, mas militarmente falando o ocidente fará muito pouco.

Sobre o autor

Tiago Lima Carvalho
Bacharel em Relações Internacionais
Especialista em Direito Internacional e Diplomacia
Mestrando em Gestão Pública e Cooperação Internacional pela UFPB