Brasil e a Fuligem Democrática - Por Márcio Bezerra



Márcio Bezerra - É na Grécia que surge o modelo de democracia que foi aperfeiçoado ao longo do tempo.

Sintaticamente significa governo do povo (em grego antigo – dēmokratía). Sendo assim, o povo é quem decide o futuro do seu país a partir do voto que é universal.

A história do nosso país está repleta de fatos que nos faz refletir sobre os caminhos percorridos por homens e mulheres. Caminhos por vezes tortuosos, indigestos e desumanos. É por isso que nos lembramos para não corrermos o risco de enveredarmos pelo mesmo percurso.

O sete de setembro representa o grito do Ipiranga proposto por Pedro I. Também serve para a gente pensar sobre os demais gritos que devemos oferecer num país cada vez mais desigual. Entretanto, as comemorações para a festa democrática no dia da Independência, deu lugar para uma conduta forçosa e intempestiva de um chefe da nação que anunciou de modo torpe uma posição que interfere diretamente ao Estado de Direito Democrático.

A resposta a essa retórica carregada de incongruência veio hoje. O índice da Bolsa de Valores de São Paulo-SP despencou e chegou a fechar no menor patamar desde o março último. Isso indica que os investidores não se agradaram com as promessas de devaneios promovidas ontem. Além disso, o Chefe da Suprema Corte se referiu as manifestações do Presidente da nação como algo estranho às leis do País e se colocou em um posicionamento duro que visa fortalecer a democracia.

Não devemos deixar de lado as pautas que realmente interessam a nossa nação, tais como: a inflação galopante, que beira os dois dígitos; a alta constante do preço do combustível, que afeta diretamente o valor dos alimentos; os 14 milhões de desempregados; a pandemia, causada pela Covid-19; e a crise hídrica que deixa a vida do setor produtivo em desequilíbrio, afetando diretamente as relações de trabalho.

Precisamos que as autoridades máximas do Brasil se respeitem e que essa crise política que se arrasta a um bom tempo, deixe de fazer morada também na economia.

O Rei francês Luís XIV se intitulava como: L’état c’est moi – que quer dizer: O Estado sou eu. Numa clara alusão de que ele estava acima de qualquer lei. “Não é difícil de entender que o monarca era conhecido como “o grande” ou o“ Rei Sol.” Será se estamos flertando com o absolutismo francês do século XVII?

Tenho a impressão que nossa democracia está com uma nevoa de fuligem.

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Márcio Bezerra – professor especialista, servidor público, pós-graduando em Gestão de Segurança Pública e em Ética e Teoria Social.