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Análise de dados da Saúde feita por Ivan Moraes mostra Recife como a capital mais desigual do país e que vacina menos na periferia

Análise de dados da Saúde feita por Ivan Moraes mostra Recife como a capital mais desigual do país e que vacina menos na periferia



Ismael Alves
politicanoforno@gmail.com
(81) 99139-7305

Apesar de as maiores taxas de letalidade por Covid-19 no Recife estarem localizadas em regiões de bairros mais pobres e de população de maioria negra, boa parte dos bairros mais vacinados se concentram em áreas de maior renda, de pessoas brancas e acesso aos serviços de saúde. É o que revela uma análise de dados da Secretaria Municipal de Saúde disponíveis na nota técnica Nº 10 realizada pelo mandato do vereador do Recife Ivan Moraes (PSOL), com informações entre 19 de janeiro (início da vacinação na cidade) até 24 de junho. A análise objetiva propor estratégias que reduzam as desigualdades da vacinação completa entre os grupos mais vulnerabilizados no Recife, capital mais desigual do país, segundo informações publicadas pelo Instituto Brasiliro de Geografia e Estatística (IBGE) no final do ano passado.

A Nota Técnica apresenta ainda os 10 bairros com maior taxa de letalidade no Recife: Linha do Tiro, Fundão, Rosarinho, Dois Unidos, Porto da Madeira, Mustardinha, Peixinhos, Cidade Universitaria, San Martin e Sancho. Em contrapartida, Boa Viagem, Cohab e Várzea lideram o ‘ranking’ da imunização completa, com segunda dose. Chama a atenção o bairro da Cidade Universitária, oitavo em letalidade e terceiro menos vacinado do Recife. O bairro de Boa Viagem, 63º em letalidade, é o bairro mais vacinado com primeira e segunda doses.

Quando relacionada a taxa de letalidade e pontos de vacinação, a análise mostra que os pontos de vacinação não foram posicionados de acordo com as maiores taxas de letalidade. Bairros como Barro, que está na posição 13º no rankeamento com letalidade de 50,6%, não tem pontos de vacinação próximos. Assim como também são poucos os pontos de vacinação nas regiões onde se encontram os morros da cidade, que têm maior concentração de população negra, com menores taxas de rendimento mensal por domicílio. Isso tem colocado esse grupo social como um dos mais vulneráveis à pobreza no país e no Recife se explicita fortemente.

A Nota Técnica também identifica que nem todas as áreas onde predomina a população de 60+ foram atendidas e que ainda há falhas na cobertura vacinal das áreas mais vulnerabilizadas em que há importante concentração dessa população. Os dados da proporção das pessoas com 60 anos mais por bairro foram obtidos pelo IBGE e compilados pela Prefeitura do Recife. "É preciso que haja esforço objetivo da prefeitura do Recife para que possamos suprir as lacunas para ter uma cidade totalmente vacinada, e acesso a carro, às redes sociais do prefeito ou internet não sejam critérios para ser imunizado", explica Ivan Moraes.

A capital pernambucana optou por desde o início do processo de imunização a organizar todo processo pela internet, o que não é uma realidade para toda a população da cidade que é tão desigual, o que se configura como uma primeira barreira ao cadastramento. Dificuldade em se obter comprovante de residência, transporte e a falta de mais postos de vacinação espalhados pela cidade são outros obstáculos à população mais pobre.

Apesar de o município não obter cobertura completa na atenção básica, existe uma rede de equipamentos de saúde que poderiam auxiliar na implementação da vacinação e assim se aproximar geograficamente dos grupos mais vulneráveis da cidade, sendo aquelas com maior dificuldade de deslocamento. Analisando os pontos de vacinação disponíveis, fica explícito que a maior parte dos pontos de vacinação está em regiões centrais da cidade e são poucos os pontos que se encontram nas áreas mais vulneráveis. Dos 27 pontos de vacinação, 14 são drive thru. Embora haja a possibilidade de as pessoas se vacinarem nesses locais mesmo sem carro, a informação não é de conhecimento da população.

Recomendações

O estudo também apresenta uma série de recomendações com a proposta de contribuir para que as diferenças sejam diminuídas no processo de imunização de toda a população. Entre eles:

Maior incentivo de ações dos agentes comunitários de saúde, assim como, das equipes vinculadas aos equipamentos socioassistenciais, para assegurar o acesso e acessibilidade das informações prestadas, adotando uma comunicação que abranja os diferentes níveis etários, sócio espacial e de escolarização;


Realizar vacinação domiciliar para aqueles com dificuldade de locomoção: idosos, pessoas com deficiência, entre outros;


Continuar e ampliar medidas voltadas à população em situação de rua após a crise;


Ofertar chips de celular para facilitar o cadastramento digital;


Reforçar a atuação dos serviços socioassistenciais na busca ativa das pessoas vulnerabilizadas, prestando apoio ao acesso a políticas públicas como as de saúde e as que se relacionam às medidas de transferência da renda;


Articular e organizar a Atenção Primária à Saúde (APS)/Estratégia Saúde da Família (ESF), quando possível e necessário, horário estendido, a fim de aumentar a oferta de vacinação para horários alternativos, como hora do almoço, horários noturnos e finais de semana.


A Nota Técnica Nº 10 com toda a análise completa está disponível completa no site do vereador Ivan Moraes no link: https://bit.ly/notatecnica_vacinacao